Vigilantes vão ao detector de mentiras

As denúncias são dirigidas à ESEGUR, mas sindicatos e associações revelam que há irregularidades em quase todas as empresas do sector
Submeter os funcionários ao polígrafo é um dos métodos utilizado pela ESEGUR, empresa de segurança, quando pretende apurar se os seus funcionários têm responsabilidade em desvios de dinheiro, segundo denúncia feita ao i. O método é considerado ilegal pelos juristas e pelas autoridades, afirmou o advogado Ricardo Sá Fernandes. Para o penalista Germano Marques da Silva, o polígrafo (vulgo detector de mentiras) não é um método fiável, constitui uma invasão da privacidade e não serve de meio de prova em tribunal, "pelo que não deveria ser usado em processos disciplinares". A única dúvida relativamente à sua legalidade passa pela anuência dos próprios funcionários.
Todavia, António Rebelo, presidente da Associação Portuguesa para Formação e Qualificação de Segurança - à qual estão ligados vários funcionários da ESEGUR -, não hesita em afirmar que os trabalhadores "são coagidos a sujeitar-se ao polígrafo", e acrescenta que a empresa guarda para si os resultados. Mas as queixas dos funcionários - há pelo menos 15 com queixas em tribunal contra a empresa - não se ficam por aqui. Segundo António Rebelo e alguns ex-funcionários contactados pelo i, há casos em que os trabalhadores da ESEGUR (sobretudo na área do transporte de valores) são acusados de roubo, ou simplesmente notificados de desaparecimento de dinheiro durante os seus turnos. Em algumas circunstâncias, há quem reponha o dinheiro mensalmente; noutras são despedidos. Parte dos funcionários que estão em tribunal foram despedidos com alegações de roubo, que os próprios negam, e chegaram a accionar queixas--crime contra a empresa.
Autoridades sem conhecimento Ao que tudo indica, raramente são feitas denúncias às autoridades - de resto, uma prática comum nas empresas deste sector -, conforme garantiu António Rebelo, o ex-funcionário Líbano Ferreira (ver texto ao lado) e inúmeros trabalhadores contactados pelo i, que preferiram guardar o anonimato. António Rebelo revelou ainda que as horas da formação não são cumpridas, o que levantou suspeitas entre os formandos em relação ao seu financiamento.
Entre outras queixas, há também a questão das equipas cinotécnicas. Segundo os funcionários, são eles que guardam os cães em casa, uma vez que a empresa não dispõe de espaço para os alojar -, o que levanta vários problemas de legalidade e quanto ao bem-estar dos animais e ao perigo para as famílias dos trabalhadores, uma vez que são cães de raças consideradas perigosas.
Os problemas de ilegalidades e irregularidades são levantados quase todos os dias por trabalhadores do sector, relativamente a quase todas as empresas do mercado, mas, segundo sindicatos e associações, apenas o governo tem dado alguns passos na resolução de alguns deles. Recorde-se que a tutela da actividade de segurança privada está atribuída ao Ministério da Administração Interna. Apesar das insistências do i, a ESEGUR não esteve disponível para esclarecer qualquer questão.

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