"Cartões do MAI estavam na posse de criminosos"

DIAP de Lisboa abre inquérito para perceber como forampassados os cartões. Empresa legal na base das suspeitas
00h00m
CARLOS VARELA
Suspeitos da prática de crimes violentos foram encontrados na posse de cartões de seguranças privados, que só podem ser passados pela PSP, por delegação do MAI. Foram descobertos na sequência da operação Nemésis, que desmantelou uma rede de extorsão.
Além do inquérito que já decorre associado à operação, envolvendo associação criminosa, homicídio consumado e tentado e extorsão, o Ministério Público (MP) abriu também um inquérito autónomo só relativo aos cartões.
O intuito do MP, mais concretamente do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, que tutela a investigação, é saber como foi dado acesso à posse dos cartões a indivíduos que, nos termos da lei, não estavam qualificados para tal e, logo, para o exercício da actividade de segurança privado. Entre os quinze detidos na operação havia um indivíduo com um cartão legal e activo, mas há suspeitas de que possa haver mais situações.
As investigações deverão ficar a cargo da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP de Lisboa, com a colaboração do Departamento de Segurança Privada da Direcção Nacional da PSP, o organismo responsável directo pela gestão da emissão dos cartões, por delegação do Ministério da Administração Interna.
A operação, tal como JN tem noticiado, foi realizada na semana passada, em Lisboa e no distrito de Setúbal. Envolveu 600 elementos da GNR, da PSP e do SEF, na Margem Sul e em Lisboa.
A operação foi realizada por suspeitas de uma forte ligação entre uma empresa de segurança privada, a Olho Vivo, cujo proprietário, C.S., ficou em prisão domiciliária, e grupos de crime organizado associados a artes marciais, jiu-jitsu e "vale tudo", com origem no Brasil. À partida, o processo de solicitação de cartões à PSP passava pela empresa, que, por seu turno, através do grupo de crime violento, conseguia impor a segurança sobretudo em discotecas e casa de alterne.
E as detenções vieram a confirmar ainda mais essas ligações, trazendo agora a lume que alguns desses indivíduos dispunham de documentos para o exercício da segurança para o qual não estavam qualificados.
Foi o caso de um indivíduo de nome A., que tinha cadastro por posse de arma ilegal, o que era inibidor do exercício de segurança privado, e, no entanto, dispunha de um cartão de segurança privado através da Olho Vivo. Exercia funções numa discoteca em Lisboa.
Um outro dos arguidos, E.W., de nacionalidade brasileira, foi detido na madrugada da operação quando fazia segurança à porta de um bar, na Costa de Caparica, e encontrava-se na posse de um cartão falsificado. E.W. era, aliás, o principal alvo da operação, uma vez que o líder do grupo criminoso, S.B., ele próprio dispondo de um cartão inactivo, deslocava-se com frequência ao Brasil e era a E.W. que, na prática, geria todas as operações da segurança."
(In JN)

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