A segurança continua a ser uma panaceia


Se por um lado os indicadores oficiais apontam para uma baixa da criminalidade, por outro, os mesmos são desmentidos no quotidiano de todos nós, quando confrontados com a diversidade de um flagelo que não sendo exclusivo, preocupa seriamente quem está no terreno, cuja experiência diz por exemplo, que as mais recentes medidas, adoptadas em nome de um défice que nos asfixia, irão engrossar as fileiras nas franjas, daqueles que se sentem cada vez mais excluídos.
   Mas como dizia Moratino, "a solução não passa pela barricada", vivemos numa sociedade livre, aberta, onde os cidadãos não se apresentam etiquetados entre si, sendo por isso muito difícil, travar com eficácia, o crescente número de membros de um painel marginal, que pelas mais diversas razões, recorrem à prática do crime, para satisfazer as suas necessidades ou caprichos.
  Recentemente, um velho amigo que é responsável pela segurança numa grande superfície comercial e que acabava de viver uma situação muito complicada, dizia-nos desesperado, que precisava urgentemente de uma solução técnica ou humana, que o ajudasse na questão dos furtos, assaltos e actos criminais da mais diversa ordem, cometidos no espaço que tem à sua responsabilidade.
  Profissional à mais de uma dezena de anos, tendo percorrido já todos os escalões de segurança no terreno, até ter obtido a licenciatura académica, garante-nos que de tudo o que aprendeu, de todas as soluções que implementou por sua autoria ou em parcerias, nenhuma conseguiu ajudá-lo a reduzir de forma continuada, as situações com que se depara todos os dias, obrigado a enfrentar caras que se renovam e métodos que se aperfeiçoam, afectando sempre com maior gravidade, a sua actividade profissional.
  No seu caso particular e porque depende exclusivamente da segurança privada e de sistemas técnicos cuja evolução ajudam durante um tempo limitado, este profissional queixa-se sobretudo e por exemplo, da qualidade dos efectivos que as empresas de segurança com quem trabalha, lhe disponibilizam, apesar da sua reiterada exigência, continuando a enviar-lhe pessoal, sem um mínimo de preparação ou perfil, para o desempenho a que são obrigados.
   Queixa-se dos códigos civil e penal e da eficácia das policias, que respondem, mas desmotivados, por saberem que a consequência da sua actuação, resultará nos dias seguintes, numa repetição de actos com os mesmos protagonistas, que devolvidos sucessivamente ao estado de liberdade, pela lei, chegam a perder o respeito à autoridade policial.
    Mas queixa-se também das administrações e da sua incapacidade em perceber que a segurança de uma instalação, deve ser prioritária tendo em vista o sucesso do negócio, porque hoje em dia e sobretudo em grandes áreas comerciais como é o caso, reduzir custos com a segurança e assobiar para o lado, fazendo de conta que está tudo bem, significa quebras no negócio, até um ponto que pode ser irreparável.
   Numa recente visita de trabalho ao Brasil, este profissional ficou surpreendido com a evolução e com a forma como a segurança nas grandes superfícies é encarada naquele país, por administrações, empresas, profissionais e até pelas próprias entidades governamentais na área.
    É obvio que a criminalidade entre os dois países não é para já comparável, mas pelo ritmo que levamos, diz este profissional, que não tardará muito que empresas e empresários, profissionais e entidades, tenham de repensar apressados e muito mais seriamente, toda a estratégia, só esperamos é não ter de lamentar custos colaterais desnecessários, cujas responsabilidades deverão obrigatoriamente, ter de ser assacadas aos responsáveis por toda esta panaceia, alimentada por um inaceitável "faz de conta".

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