Notícias falsas. Saiba em quem confiar

A União Europeia deixa o alerta. Países com eleições este ano são alvos preferenciais de informação não verdadeira.

O fenómeno ganhou destaque com as eleições norte-americanas. Várias páginas da internet divulgaram notícias fabricadas sobre Donald Trump e Hillary Clinton, com alto potencial de viralidade, que marcaram a perceção das pessoas sobre os candidatos o que, acredita-se, acabou por influenciar o resultado das votações. “Já não sabemos em quem acreditar, em quem votar – tornou-se diabólico e temos de desenvolver técnicas de identificação de notícias falsas”, afirmou ao Guardian, Susan Butler, editora do Macquarie Dictionary. O Facebook e o Google foram diversas vezes acusados de terem um papel passivo na situação e ambos prometeram medidas para evitar o fenómeno e a proliferação de notícias falsas. Na terça-feira passada, um grupo de trabalho da União Europeia (UE) deixou o alerta a Angela Merkel. Poderia estar em curso uma preparação de divulgação de fake news, orquestrada por entidades russas, com o propósito de influenciar o resultado das próximas eleições alemãs. “Infelizmente este é um lado obscuro da internet, com o qual temos de lidar de forma mais intensa”, afirmou no ano passado o ministro de Justiça da Alemanha, Heiko Maas. O mesmo grupo de trabalho europeu alertou ainda França e Holanda, outros dois estados-membros que vão ter eleições este ano. Mais de 2500 notícias falsas em 18 línguas já foram identificadas pelo grupo da UE, formado em setembro de 2015, em resposta às campanhas russas de desinformação na Ucrânia. O Buzzfeed fez a lista das 50 notícias falsas mais virais de 2016. A encabeçar a lista estão “Obama assina ordem para banir das escolas o juramento à bandeira”, “Papa Francisco choca o mundo, apoia Donald Trump para presidente e emite comunicado” e “Trump oferece viagens de ida para África e México a quem quiser deixar a América”. Como nascem as fake news Num trabalho de fundo sobre a origem das fake news, o Wired revelou uma realidade assustadora: a existência de grupos de trabalho específicos para criar notícias falsas, com o intuito de influenciar a opinião pública em relação a diversas matérias, normalmente, consideradas de sensíveis. Desde informações que descredibilizam as alterações climáticas a notícias que põem em causa a vacinação das crianças, desde há muito que são criadas pequenas organizações, que seguem uma agenda política específica e que usam técnicas aprimoradas para lançar e difundir notícias falsas. Por norma, a informação está camuflada num site que parece ser de um órgão de comunicação credível, tem alguma conotação política e um largo potencial de viralidade, por apelar ao click fácil (o chamado clickbait). “Os think thanks de notícias falsas utilizam uma mistura de verdades selecionadas, meias verdades e conteúdo fabricado para manipular as pessoas”, explicou ao Wired Massimo Pigliucci, filósofo do City College de Nova Iorque e autor do livro “ Nonsense on Stilts: How To Tell Science from Bunk”. A melhor proteção Uma equipa da Universidade de Massachusetts desenvolveu uma tecnologia que interage com o algoritmo do Facebook e permite identificar se uma notícia é falsa ou não. O projeto assenta na criação de uma extensão de browser que verifica a credibilidade da fonte da informação e cruza os dados com outros conteúdos noticiosos. Para além disso, a mentora da ideia, Nabanita De deixa alguns cuidados especiais que qualquer utilizador deve ter quando lê notícias na internet. Primeiro que tudo, é preciso verificar se os tradicionais media, os que conhecemos há algum tempo e a quem atribuímos credibilidade, também estão a veicular a informação. Depois, se o conteúdo nos provocar algum tipo de reação emotiva mais forte, é sempre recomendável ir verificar se a notícia é mesmo verdadeira. Existem vários sites na Internet que listam as páginas que divulgam conteúdo falso. Um deles é o Fake News Watch, mas a própria Wikipedia tem a sua lista. Numa altura em que a multiplicidade de fontes de informação faz com que, diariamente, toda a gente seja bombardeada com dados novos, o mais importante é ter olho crítico e questionar sempre a credibilidade e veracidade do que chega até nós.

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