Grande Amigo Freud

Tenho saudades de ti. Saudades dos nossos momentos... Saudades dos nossos momentos bons e dos maus também. Tenho saudades das nossas conversas sem pé nem cabeça, saudades das nossas discussões. Tenho saudades dos nossos passeios, da nossa vida nada parecida, do teu olhar, da tua cara de ódio, quando mesmo sem querer eu te irritava.


Tenho saudades do teu ladrar. Saudades dos teus medos e da maneira que eu cuidava deles. Saudades da maneira como tu te preocupavas comigo, saudades da tua fraqueza, que me dava força para ser forte. Saudades do nosso primeiro encontro "táo pequeno que eras".

Saudades da nossa vida tão igual e tão desigual. Tenho saudades de quando tu aparecias do nada e me fazias sorrir pelo simples facto de estar ali. Tenho saudades da tua companhia deixando um brilho nos meus olhos. Saudades das tuas patinhas nas minhas mãos. Saudades dos meus braços todos mordidos .

Tenho saudades de ti ao meu lado, tenho saudades da tua presença em mim mesmo na tua ausência. Tenho saudades de ti fazendo-me rir e eu fazendo-te sofrer. Tenho saudades de tudo o que vivemos e do que não conseguimos viver. Tenho saudades da tua maneira de não saberes viver sem mim. Tenho saudades da nossa dependência um do outro, da nossa forma de esquecer o mundo quando estávamos juntos. Da nossa maneira simples de ver a vida. Vida que não foi nada simples.

No dia em que tu chegas-te, dias antes, partia para sempre, numa morte trágica, um grande amigo meu, um Pai que nunca tive.

Partis-te tão cedo, também de uma forma trágica, tomamos o pequeno almoço juntos e quando fomos passear, já mais imaginava que não regressávamos juntos a casa, aquele maldito dia 21 Junho de 2009 ás 11h20 partias para sempre.

Mas o que mais dói de toda esta saudade é saber que de tudo que eu sinto saudades está destinado para outro alguém. Outro alguém que já odeio antes de existir, outro alguém que não terá a mesma saudade que eu sinto, porque não serei eu. Como dizia o poeta “em algum lugar deve existir, uma espécie de bazar, onde os sonhos extraviados vão parar”. Acho que os nossos sonhos e planos se extraviaram e foram parar nenhum lugar, mas na minha mente, nela pararam e não me deixam seguir em frente nem viver, não me deixam sentir saudades de outro alguém. E é por isso que vivo sentindo saudades. Saudades de mim, de ti.



Um dia quando partir, sei que vou-te encontrar, meu grande amigo Freud.

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