Relatório Anual de Segurança Interna - RASI

Todos os anos até ao final de Março somos presenteados com o RASI.


Este Relatório, caso fosse elaborado com honestidade e rigor seria um excelente instrumento de trabalho para o combate à criminalidade no nosso País. Mas não o é. Limita-se antes a ser um instrumento de “luta”, ou afirmação política, do Ministro da Administração Interna.
Já não basta mentir verbalmente, agora a mentira acerca dos valores da criminalidade também vem por escrito. Passou a valer tudo para enganar o Povo. Mas o facto é que todos os dias assistimos às notícias, em catadupa, de uma quantidade enorme de crimes praticados e outros tantos não sancionados (fora os que não são denunciados).

Voltemos ao RASI. O comum cidadão, mesmo que não se preocupe com estas matérias se o questionarmos onde há mais crimes? Vai decerto responder: Lisboa, Porto e Setúbal! – É verdade, são estes os Distritos com um maior indice de criminalidade por cada 1.000 habitantes. Mas sabem o que mereceu o destaque do Ministro da Administração Interna na apresentação do Relatório à imprensa?

– O aumento do Crime em Viseu. Ora, ficamos com a ideia de que o combate à criminalidade nos Distritos de Lisboa, Porto e Setúbal foi eficaz.


Não foi! Nem será enquanto o Ministério tratar os elementos das Forças Policiais como trata; enquanto os Códigos Processo Penal e Penal não forem revistos.

Nem será, enquanto não existir a coragem política de espelhar correctamente os valores da criminalidade no Relatório Anual de Segurança Interna. Esta postura do "engana tolo" impede que se façam estudos e que se apliquem as suas conclusões no combate à criminalidade.

Ou seja, tratando a informação relativa à criminalidade, tendo como pano de fundo os interesses políticos fácil será concluir que os "bonitos" Relatórios vão continuar a conter dados trabalhados e assim servir para quase nada.

Vamos continuar a assistir às Forças Políciais a trabalhar por reacção em detrimento da prevenção e os reais números da criminalidade a subir todos os anos.


Entretanto, para tomarmos consciência da importância dos estudos prévios nesta matéria basta ter como exemplo um efectuado pela PSP e que identifica um novo tipo de crime.

Aquele em que os alvos são mulheres de meia-idade, possuidoras de viaturas de alta cilindrada e que ao aproximarem-se da sua viatura são manietadas, obrigadas a fornecer os códigos dos cartões bancários e depois de feitos os levantamentos abandonadas. Este crime foi identificado por um estudo efectuado pela PSP. Um dos muitos que podia e devia constar no RASI para ajudar as Polícias a prevenir.


Júlio Santos in: www.juliosantos.net

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