O testemunho de um homem preso entre a dor

Este mundo é doentio. As coisas têm-me corrido mal. Antes do mínimo gesto, parece-me que tenho que pensar 20 vezes, falta-me a energia, agora começo a perceber porquê, tento lutar mas não encontro razão, mas eu sei qual é a razão, ou pelo menos penso que sei, porque há sempre algo a questionar. Quando é que vou descobrir a verdade, não sei, mas sei que estou desiquilibrado, e não tenho feito muito para compensar o desiquilibrio. Se mexemos na água criamos ondas... ao tentar contrariar essas ondas, só vou criando mais ondas. Por isso, a única maneira será deixar a àgua fluir sem mexer nela. Aquilo que ainda hoje me parece incrível é que nunca tenha conseguido conseguir nada daquilo que me é prometido. Talvez seja porque fico à espera que as coisas venham de uma fonte exterior quando tenho que aceitar a minha solidão no mundo e causar a mudança que quero ver. A frustração acumula-se e causa a depressão, e ao mesmo tempo tenho a ligeira percepção de que sou eu que estou a causar inconscientemente este sofrimento. Tornei-me numa vítima dos acontecimentos, tudo me parece afectar de uma forma negativa. A única solução será parar e não pensar durante algum tempo. Quando me sentir inflado por sensações fortes, parar e não pensar por um momento. Tento ser equilibrado... tenho que me lembrar que o prazer traz sempre a dor acoplada, não sei porque é assim, mas se tem sido assim até agora é melhor aceitar isso e basear-me nesse pressuposto. Viver a vida? Viver a vida é sem dúvida conhecer-me a mim próprio, mas o que aconteceu com o meu amor pelos outros? Porque me sinto tão isolado do resto do mundo e tão culpado por isso. O que sinto é uma ilusão, no domínio da sensibilidade posso ser facilmente enganado, dominado por emoções negativas de cada vez que procuro aproximar-me da luz. Será que algum dia vou conseguir esquecer essa minha tendência? Lá no fundo, espero que não. Quero estar só, mas tenho que lidar com as pessoas correctamente para o conseguir. Não quero ter vergonha daquilo que sou. Bastava que tomasse a decisão certa no momento certo e tudo poderia mudar a partir daí... será que é legítimo ficar à espera que surja a vontade de fazer uma coisa que achamos que deve ser feita. O dever e a vontade, forças contraditórias? Nem sempre. O amor pode uni-las, pelos vistos. Mas amor não se encontra assim tão facilmente, ou talvez nós evitemos encontrá-lo, tomando precauções para tornar a felicidade impossível. O sabor da frustração fica muito tempo na boca, mas não fica para sempre.

Comentários

  1. so o amor pode vencer...amor incondicional no sentido de darmo nos sem sermos de ninguem.SIM!ninguem e de ninguem,estamos aqui de passagem e a nossa funcao e vivermos de pequenos momentos sem dar mos a espera de receber porque quando damos nao recebemos do mesmo lado,mas sim recebemos,basta termos atencao.amor incondicional...amar sem cobrancas,sem sentido de posse,amar mos simplesmente e sermos felizes porque temos o dom de o fazer,somos todos irmaos...vamos respeitarmo nos,e primeiro que tudo respeitar a nos proprios!

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